O modelo de profissional para uma carreira de sucesso
O modelo de profissional para uma carreira de sucesso
Este livro analisa as habilidades que o profissional contemporâneo necessita desenvolver para percorrer uma carreira de sucesso.
Nossa hipótese é que uma carreira de sucesso tem como requisito uma educação de qualidade. Por educação de qualidade entendemos que a educação formal visa um objetivo específico, que é o desempenho de uma atividade econômica capaz de propiciar os recursos a uma vida isenta das carências que perpetuam a pobreza e mal estar social. Assim, a educação é o meio para constituição do/ da profissional requerido/ a pelas sociedades modernas, também denominadas sociedades do conhecimento.
De modo geral, não dispomos no Brasil de um organismo com objetivo específico de analisar a qualidade do ensino formal e identificar um modelo de educação que atenda os anseios e necessidades da sociedade brasileira. O Ministério da Educação e Cultura (MEC), que é o órgão público responsável pela formulação e implementação das políticas públicas na área da educação, apresenta uma formulação extremamente aberta para sua atuação política, que qualquer empreendimento, mesmo que em confronto com outras iniciativas, encontra abrigo. Veja, por exemplo, a seguinte definição de inovação e criatividade na educação, extraída da Chamada Pública para Inovação e Criatividade na Educação Básica:
Protagonismo: Estratégias pedagógicas que reconhecem o estudante como protagonista de sua própria aprendizagem; que reconhecem e permitem ao estudante expressar sua singularidade e desenvolver projetos de seu interesse que impactem a comunidade e que contribuam para a sua futura formação profissional."
Ora, propor que o estudante seja protagonista de sua própria aprendizagem e desenvolver projetos de seu interesse que impactem a comunidade implica que esse personagem tenha completo domínio do ambiente em que está inserido e tenha uma visão clara de suas necessidades e como implementar soluções que atendam as expectativas sociais. Essa visão é totalmente contraposta pela realidade empírica, onde o percebido é o fracasso da educação pública. Tal fato é corroborado pelos resultados do Índice Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF) do Instituto Paulo Montenegro. Em sua edição de 2012, o INAF aponta que aproximadamente 3 em cada 4 brasileiros na idade entre 15 e 64 anos não desenvolve adequadamente as habilidades para domínio de conceitos matemáticos, de leitura e de escrita com utilização cotidiana.
Outro elemento que torna a proposta do MEC utópica é a desconsideração pela empregabilidade do futuro profissional hoje aluno. Por empregabilidade entendemos a preparação do profissional para enfrentar e conquistar uma posição de trabalho em um mercado competitivo. Essa preparação envolve perfis psicológicos, perfis intelectuais e atitudes morais em concordâncias com aquelas julgadas essenciais pelas organizações. É, portanto, a aderência às regras de mercado e, raramente, subordinada ao protagonismo do estudante em "sua própria aprendizagem" e desenvolvimento de "projetos de seu interesse que impactem a comunidade". Via de regra, é somente após um razoável período de vivência prática e trabalho intenso que o profissional desenvolve a habilidade necessária para forjar seu próprio empreendimento e, aí sim, ser "protagonista de sua própria aprendizagem [empírica] e " desenvolver projetos de seu interesse que impactem a comunidade".
É também interessante notar que número significativo de Instituições de Ensino Superior exige o cumprimento de estágio prático onde o graduando, sob supervisão externa, executa atividades de sua área de formação para aplicação e sistematização dos conhecimentos adquiridos. De modo realista e sem coloração idealista, onde, então, se caracteriza o protagonismo do estudante, senão uma adaptação àquilo que é profissionalmente exigido?
Mas apenas discordar sem apresentar propostas alternativas é característica de vazio intelectual. Para evitar essa situação, desenvolvemos o presente trabalho focando a estruturação e desenvolvimento das habilidades intelectuais que permitem ao sujeito, para além da educação formal, desempenhar um protagonismo efetivo no contexto econômico e social. Nos referimos aqui ao desenvolvimento cognitivo inicialmente estudo por Jean Piaget e complementado por estudos posteriores de pesquisadores comprometidos com o desenvolvimento das habilidades intelectuais e que será demonstrado com exemplos concretos ao longo deste livro.
Outro detalhe importante em nosso estudo é que não focamos o desenvolvimento de habilidades exclusivamente com base em experiências passadas, mas com vistas à previsibilidade de resultados. Essa afirmação implica que determinada habilidade a ser desenvolvida pode não ter representado diferencial significativo em atividade de cunho tradicional, mas pode ser de importância crucial na configuração de novas necessidades sociais.
Pretendemos, com nosso trabalho, contribuir para o estabelecimento de um debate saudável sobre as possibilidades do desenvolvimento econômica brasileiro, algo que, infelizmente, parece não ter ainda acontecido de modo sistemático e racional, bem demonstram as crises cíclicas há muito por nós vivenciadas.